O palestrante foi o escritor Vito Giannotti, coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). Ele é autor de quase trinta livros, cujos principais temas são a história das lutas dos trabalhadores e a importância da comunicação dos trabalhadores para a disputa de hegemonia.
Discussão sobre o jornal impresso
Giannotti defende a ideia de que o jornal impresso não acabou nem vai acabar em pouco tempo no Brasil porque ele simplesmente ainda não chegou. Ele argumenta com números: a tiragem total de jornais impressos diários no Brasil é em média de seis milhões, enquanto que o maior jornal japonês vende 14 milhões de exemplares por dia.
A quantidade de leitores de jornal no Brasil também não impressiona, diz Giannotti. São apenas 4,5% de toda a população, enquanto que no Japão, Suécia e Noruega este número chega a 70%. De todos os estados brasileiros, o que mais lê jornal impresso diário é o Rio Grande do Sul, com 13% de todos os leitores nacionais.
Ao longo da palestra, Giannotti afirma que a mídia brasileira não é imparcial, muito pelo contrário, “todo jornal e revista tem seu lado”. De acordo com o palestrante, o único jornal impresso que não apoiou a Ditadura Militar foi “A Última Hora” e que atualmente, os jornais Folha de São Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo e a revista Veja, maior tiragem brasileira com 1,2 milhão de exemplares, são veículos de comunicação partidários à burguesia. Das revistas, a que ele considera melhor e mais imparcial é a Carta Capital.
As emissoras de televisão também têm seu lado, afirma o autor. Segundo ele, 70% do orçamento da Rede Globo, uma empresa privada, é patrocínio do governo, com incentivos da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras. Como exemplo contrário, o ministrante cita a BBC de Londres, que é pública, do povo, e tem um conselho que limita o que será veiculado.
Mais sobre o autor
Giannotti nasceu na Itália em 1943 e vive no Brasil há mais de 45 anos. Foi metalúrgico e militante em São Paulo durante quase três décadas. Participou das lutas sindicais e populares contra a Ditadura Militar, além de escrever e incentivar boletins, jornais, cadernos e livros durante o regime.
No começo da década de 1990, uniu-se a jornalistas e professores para fundar o Núcleo Piratininga de Comunicação com o objetivo de contribuir na construção e aperfeiçoamento dos meios de comunicação. Para isso, viaja por todo o país difundindo as ideias do NPC. Já ministrou cursos e fez palestras para mais de dez mil pessoas.
Por Letícia Maria Klein
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