A internet, conhecida por ser um depositório de conteúdos
passíveis de compartilhamento social e rastreáveis por mecanismos de busca, tem
nos usuários de redes de relacionamento seus grandes propagadores de
informação. A criação e compartilhamento de memes e o abraço a causas
humanitárias ou ambientais são uma constante entre eles. A viralização de notícias chocantes é outra
vertente de sucesso. Quando o assunto é polêmico e contínuo, porém, a situação é outra.
A discussão acerca do cenário político é um exemplo. Durante
o período eleitoral, é comum serem encontrados usuários que, no calor da defesa
de seu posicionamento político-ideológico, transformam-se em verdadeiros
doutrinadores. Comentários
despretensiosos de amigos, ganchos no meio de discussões tornam-se oportunidade
de mídia gratuita. Sua timeline vira bandeira política. Tudo
o que sai em prol da defesa de seu partido ou candidato é ali divulgado. Usuários
que têm em seus círculos pessoas que não compartilham da mesma filosofia sofrem
com perdas de vínculos de amizade virtual, bloqueios e o rótulo de serem o “chato
de galochas” do momento. A censura está presente aqui no nível da liberdade
individual de se ler apenas o que se deseja ler. Todos somos agentes censuradores em potencial.
Os mecanismos tecnológicos das redes sociais são outro
filtro de censura automática por nível de afinidade. O Facebook, por exemplo,
faz um filtro de todas as informações a que você tem acesso em seu feed de
notícias, e exibe aquelas informações que ele julga ter mais afinidade com a
sua vida. A rede consegue detectar essa afinidade através de uma memória de
todos as suas interações e postagens.
Ele julga que você vai ter mais vontade de ler sobre algo com que você
concorde. Com o passar do tempo, você vai ter acesso apenas a informações de
pessoas que concordam com você. Duas pessoas com visões de mundo distintas, mas
que sejam amigas uma da outra, podem nunca ter acesso à visão de mundo uma da
outra. Elas jamais vão poder contrapor suas idéias e suas visões de mundo
ímpares. A censura por afinidade desta rede social cria, falsamente, um
ambiente de marasmo e paz.
Para que o ambiente virtual seja verdadeiramente livre e
democrático, é necessário que as ferramentas de interação deem aos seus
usuários total controle sobre o conteúdo que ele deseja visualizar, de forma transparente e não pré-configurada.
Em contrapartida, aos usuários cabe o bom senso de saber dosar os tipos de
conteúdo que pretendem divulgar nas redes sociais, com a visão do amigo que
gosta e também do amigo que não gosta do tema. Dessa forma, com bom senso e
transparência, poderemos ter uma web verdadeira mente livre, justa, imparcial e
sem a necessidade de qualquer tipo de censura.
Por Paula C. Laun
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