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Asne viveu durante três meses com uma família em Cabul e daí saiu a matéria prima para escrever o livro. O principal ponto de reflexão da obra está na liberdade de expressão, que é quase nula num país que vive fortes repressões religiosas e é dividido internamente por tribos com ideologias distintas.
Sultan, o livreiro, não é um homem comum no Afeganistão. Por ser apaixonado por livros já foi duramente reprimido durante o regime talibã, sendo inclusive preso e torturado – assistiu várias vezes a queima de milhares de livros em praça pública. Passado o período do governo talibã - pós 11 de setembro - seu país não passou a ser o melhor lugar do mundo para se viver, devido ao atraso cultural, mas a família goza de certas regalias num país onde quase todos são miseráveis e analfabetos. A maioria dos membros dessa grande família fala inglês, inclusive as mulheres que viveram no Paquistão durante a guerra civil e lá puderam estudar e trabalhar.
A reportagem relata a facilidade com que os editores falsificam obras e vendem pelo triplo do preço aos turistas e jornalistas que visitam o país. Com riqueza de detalhes, Asne conta como Sultan consegue atravessar a fronteira do Paquistão para visitar as gráficas e fazer negócios – os paquistaneses são aliados dos Estados Unidos desde os atentados de 11 de setembro, por isso as fronteiras foram fechadas para os afegãos.
O mérito da jornalista é ter sido a primeira a relatar as dificuldades de ser mulher no Afeganistão. Ela narra o cotidiano do uso da burca, as negociatas do casamento arranjado e o poder que os homens exercem sobre o sexo feminino, que é considerado incapaz de tomar decisões, inclusive sobre suas próprias vontades.
Passada a febre de interesse sobre a cultura muçulmana, esta obra é de leitura indispensável para jornalistas, estudantes de comunicação e leitores interessados em conhecer, de forma realista, uma das culturas mais ricas e intrigantes do mundo.
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