quarta-feira, outubro 05, 2011

A geração nossa de cada dia


Dá pra fazer tudo ao mesmo tempo? (Foto: Google Imagens)
Quando o quarteto de rock britânico The Who lançou o single “My Generation”, em 1965, o mundo testemunhava mudanças comportamentais drásticas e transgressoras entre os jovens da época: os cortes de cabelo bem comportados e popularizados pelos Beatles começavam a perder espaço, e o movimento das roupas coloridas, dos cabelos sujos e dos chinelos de dedo dava seus primeiros passos rumo à majestade. Chamados de hippies (termo derivado da palavra em inglês hipster), os adeptos da contracultura acreditavam na preservação ambiental, na prática do nudismo, na libertação sexual e, acima de tudo, na paz e no amor. Diferentemente da geração anterior, estas pessoas questionavam os valores centrais vigentes nos Estados Unidos e não queriam saber de bens materiais. Trabalhar cercado por quatro paredes? Nem pensar. A rebeldia, enfim, reinava.

Exatos 46 anos se passaram. Hoje, o cenário é um pouco diferente. Os movimentos de comportamento esfriaram e, de repente, a personalidade deu o ar da graça. O que você é já não é definido por aquilo que você faz – são as suas características, preferências e particularidades que vão decidir o tipo de pessoa e de profissional que você vai se tornar.

Conflito de gerações

Na época da explosão populacional, depois da Segunda Guerra Mundial, quem dominava o espaço profissional eram os Baby Bommers. Estes profissionais formam a primeira geração que cresceu em frente à televisão, e que valoriza a experiência, o relacionamento duradouro e o padrão de vida estável; prefere qualidade à quantidade, não se influencia facilmente por outras pessoas e é firme e maduro nas decisões que toma. Os Baby Boomers podem ser classificados como opostos – mas, veja bem, dependentes - da Geração Y.

Conhecida pelos modos despojados, as roupas descoladas e a constante inquietação frente a tudo que acontece a seu redor, a Geração Y soma a fé nas conquistas rápidas e o sucesso prematuro às suas principais vertentes. À primeira vista, a tribo parece confiante demais, individualista demais, intrometida demais. Não se engane: estas pessoas estão tão conectadas a si próprias e fazem tantas coisas ao mesmo tempo, que é quase impossível acompanhar seus ritmos (a não ser, é claro, que você seja um deles). Este traço multifuncional é tão cotado e presente nas empresas contemporâneas, que não é raro presenciar pedidos de ajuda do chefe ao funcionário.



A Geração X, por sua vez, segue por outro caminho. Politicamente apáticas e refletindo a desilusão da geração anterior, estas pessoas buscam o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, sem dar muita importância para as formalidades no ambiente de trabalho. Ao mesmo tempo, mantêm a fidelidade aos seus ideais pessoais, e não aos da organização. Profissionais X também não veem com bons olhos um currículo de 20 anos de trabalho para a mesma empresa.

Preocupada com a conectabilidade com os demais indivíduos de forma permanente é a Geração Z, conhecida por ser tecnológica e virtual. Os adolescentes são adeptos a este tipo de personalidade, que emprega a vida dependente do computador, do celular, dos videogames e das TVs de alta definição. A vida destes jovens é regada a muita informação, num ambiente fácil, bem desenvolvido e habitado pelos amigos. O paradoxo é inevitável: ao mesmo tempo em que estão conectados a um número imensurável de pessoas, estão isolados e completamente sozinhos em seus mundinhos particulares.

E eu, onde fico nessa história?

Estamos em 2011. A internet, as redes sociais e o compartilhamento de informações frescas e rápidas nunca estiveram tão febris, e a vontade de crescer profissionalmente em um ambiente que consiga suprir nossas necessidades pessoais nunca esteve tão viva. Podemos pensar no mundo como um só corpo “hospedando” um número bastante significativo de ramificações geracionais. No fim do dia, os empreendedores e gestores precisam abrir os olhos e enxergar com clareza o que todo mundo vê: são as empresas as responsáveis pelo conforto do profissional em seu ambiente de trabalho.

Não é necessário desperdiçar tempo e dinheiro com um consultor organizacional, quando a resposta está bem diante de seus olhos. Por isso, fica a dica para os executivos e chefes do mundo todo: procurem descobrir qual é a melhor forma de se relacionar com seu funcionário. Não espere que ele vá lhe dizer o que há de errado na empresa, sabendo que não vai adiantar. Como já dizia a canção do The Who, mencionada no início deste texto: “Espero morrer antes de ficar velho”. Acredite: seu funcionário também pensa assim. Por isso, esteja aberto a novas sugestões de diretrizes e desista da ideia de que mudanças são ruins. Pelo contrário – elas são necessárias.

Por Camila Iara

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