Depois de 13 anos, a maior competição de artes marciais mistas do mundo, o UFC (Ultimate Fighting Championship), voltou ao Brasil. A última vez que o campeonato de MMA (Mixed Martial Arts) havia sido realizado no país foi em 1998, no ginásio do Canindé, em São Paulo. Desta vez, o evento voltou em grande estilo, com uma mega estrutura e uma superprodução.
A 134º edição do UFC aconteceu no último sábado 27, e foi transmitida ao vivo e, pela primeira vez, por uma rede de canal aberto, a RedeTV. O local escolhido para levar ao octógono grandes nomes do esporte, entre eles os brasileiros Anderson Silva, atual campeão mundial, Minotauro e Vitor Belfort, foi a Arena HSBC no Rio de Janeiro.
Embora o UFC tenha raízes brasileiras, foi nos Estados Unidos que ele se consagrou. O esporte foi uma invenção de Rorion Gracie, especialista no jiu-jítsu brasileiro, e de Arthur Davie. Gracie queria promover a escola de artes marciais de sua família, que havia se tornado legendária pelo "O Desafio de Gracie", um convite aberto aos lutadores de qualquer técnica de luta para enfrentarem, num combate real, um membro da família Gracie ou um dos estudantes de seus cursos. Davie lançou a idéia de um torneio de artes marciais no grupo de entretenimento Semaphore (Semaphore Entertainment Group - SEG). No torneio, lutadores de diferentes tipos de artes marciais, como karatê, boxe tailandês, boxe , jiu-jítsu e até mesmo em luta-livre de sumo, se enfrentavam para definir qual o melhor estilo de luta. Em novembro de 1993, o SEG estreou o primeiro evento de UFC, que ficou conhecido mais tarde como UFC 1. O evento foi um sucesso e o SEG passou a planejar novos torneios, mantendo o nome Ultimate Fighting Championship (UFC) e instituindo os eventos seguintes como sequenciais, UFC 2, UFC 3 e assim sucessivamente.
Mas, com o tempo o confronto entre estilos enfraqueceu. Por não haver regras, a maioria das lutas terminava no chão e muitas técnicas apresentadas nos primeiros eventos não tinham foco nem treinavam a luta no solo. Os lutadores começaram a expandir os repertórios de estilos e a incluir elementos da luta livre. Gradualmente, o UFC introduziu mais regras e restrições para modelar as artes marciais mistas ao formato de legítimo esporte. Mas, a essa altura, o SEG estava passando por dificuldades financeiras, ameaçado de falência. Como resultado, o SEG não pôde mais arcar com o lançamento dos eventos em vídeos caseiros.
Em 2000, os irmãos, Frank Fertitta e Lorenzo Fertitta, formaram a Zuffa (lutar ou brigar em italiano) e compraram o UFC. O ex-lutador de boxe amador e promotor de lutas Dana White, tornou-se o presidente da nova organização. Lorenzo Fertitta tinha sido membro da Comissão Atlética do Estado de Nevada e pouco depois a comissão supervisionava os eventos de UFC. Este detalhe deu ao evento a credibilidade necessária e logo as televisões a cabo começaram a veicular seus eventos no pay-per-view novamente.
A frente do UFC Dana White se concentrou em aumentar a popularidade do torneio. Os eventos de UFC já podem ser vistos pela televisão em 170 países. A meta de Dana White é levar eventos ao vivo para esses países. Os eventos de UFC estão planejados para a Europa, Japão, Canadá e México.
No Brasil, o evento ainda não tem muita força. Poucos brasileiros se interessam por essa nova modalidade de esporte. Por isso, desta vez, o UFC veio como um megaevento. Durante uma semana o torneio estava com programação intensa, com entrevistas coletivas e visitas à comunidades como a do Cantagalo. Os impactos foram positivos. A Prefeitura do Rio de Janeiro, principal patrocinadora do evento, desembolsou apenas R$ 9.500,00 para trazer o evento ao país e a ocupação dos hotéis na cidade foi de 80%, e 96% no bairro em que as lutas aconteceram.
Os mais de 15 mil ingressos colocados à venda no Rio de Janeiro foram esgotados em apenas uma hora e meia. A organização ainda ofereceu duas cargas extras de entradas, que também acabaram rapidamente. Os preços dos ingressos variavam de R$ 275,00 a R$ 1.600,00. Além disso, a rede de cinemas UCI exibiu o torneio em seis capitais: Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Fortaleza.
A marca UFC vale hoje cerca de 1 bilhão de dólares (1,6 bilhão de reais) e cada torneio da franquia movimenta, em média, de US$ 30 a US$ 40 milhões na cidade que o recebe.
Fotos/Divulgação: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário