Jaime Batista da Silva |
No dia 08 de setembro Blumenau acordou com a certeza de que o rio transbordaria e, mais uma vez, a cidade seria inundada pelas águas. As chuvas das últimas semanas foram constantes e várias cidades do estado também foram assoladas pela enchente.
Como previsto pela defesa civil a partir das primeiras horas da tarde o nível do rio aumentou consideravelmente e tomou as ruas da cidade.
Quando o rio atingiu os 8,5 metros nove ruas da cidade foram alagadas. A partir daí a única coisa a se fazer era tentar salvar móveis e mercadorias das lojas e empresas e partir para um lugar seguro.
No fim da tarde todo o centro já estava alagado, causando um dos maiores prejuízos materiais já registrados na cidade.
O Hospital Santa Isabel, localizado na Rua Floriano Peixoto, no centro, emitiu comunicado às 11h00min informando que operava com número reduzido de funcionários e passaria a atender somente urgências e emergências.
Vários bairros ficaram isolados e um grande número de pessoas desabrigadas.
Redes Sociais: principal fonte de informação
Quando a enchente era inevitável a maioria das empresas da cidade, bem como as universidades e colégios, liberaram seus funcionários e alunos.
Como o transporte público ficou sem condições de trafegar, as operações ficaram comprometidas e muitas linhas simplesmente pararam.
Com as televisões locais transmitindo a programação nacional, somente as rádios e a TV Galega fizeram plantão, repassando informações úteis à população, porém é inegável o poder da internet nesses momentos. Com o deslocamento comprometido, os veículos convencionais se utilizaram da rede para colher informações e repassá-las à população.
As redes sociais, principalmente o Facebook e Twitter, tiveram como principal assunto o caos na cidade. O tráfego de fotos e vídeos foi imenso e possibilitou a todos que estavam conectados ter a visão da real situação nos mais diversos pontos da cidade – inclusive pautando e abastecendo veículos nacionais de informações.
O Jornal de Santa Catarina, o principal da cidade, disponibilizou durante todos os dias sua edição diária via web, além de atualizar constantemente sua home page com notícias sobre a tragédia.
Jaime Batista da Silva |
Sai o sol
Foram quatro dias de muita tensão. Em alguns pontos da cidade houve falta de energia e água tratada, porém, o mais importante, não foi registrado nenhuma morte.
No domingo o sol voltou a brilhar e então iniciou-se os trabalhos de limpeza e reconstrução – algo que a população blumenauense já está acostumada a fazer e o faz em tempo recorde.
Enchentes: a sina blumenauense
Não é de hoje que a população blumenauense conhece a fúria das águas. Há relatos desde 1852. Porém a situação agravou-se consideravelmente desde 1983, quando uma das maiores cheias de todos os tempos destruiu a cidade.
Veja abaixo um breve histórico das principais cheias na cidade:
1983 – Uma das maiores cheias na cidade aconteceu nesse ano. Segundo o historiador Adalberto Day publicou em seu blog “a enchente de 1983 teve uma duração de 32 dias, do dia 05 de julho até 05 de agosto,atingiu a marca maior no dia 09 de julho, 15,34 metros”.
1984 – No dia 07 de agosto o rio atingiu 15,46 metros, o que causou tantos danos quanto no ano anterior, porém a enchente durou menos dias e a reconstrução da cidade foi mais rápida. Nesse ano surgiu a Oktoberfest, que é o maior produto cultural da cidade – a festa foi feita para levantar o ânimo da população e desde então tem sua edição anual durante o mês de outubro.
2008 – Nesse ano além das cheias do rio outro fenômeno assolou o Vale do Itajaí: os deslizamentos de terra, que causaram a morte de centenas de pessoas. Considerada a maior tragédia natural de todos os tempos no Brasil, a última semana de novembro nunca sairá da memória dos blumenauenses.
Portal Bela Santa Catarina |
por Cícero Nogueira
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