Vito Giannotti é convicto quando o assunto é Jornalismo no Brasil. Principalmente o impresso. De acordo com Vito, o Brasil ainda não tem a cultura do jornal. Não adianta se falar em fim do jornalismo impresso se na verdade esse tipo de jornalismo ainda nem nasceu no país.
Na palestra ministrada por ele que aconteceu na última quarta-feira, diversos tópicos interessantes foram abordados. Um que me chamou muita atenção foi a questão da imparcialidade no jornalismo. Vito é rigoroso quando fala que nenhum tipo de jornalismo feito no mundo é imparcial. A ideia de que existe uma mídia neutra é utópica. Sempre, por trás das telas, rádios e páginas de jornais e revistas, existe um dono, um poderoso, que diz o que entra e o que não entra. Ponto final. A mídia sempre defende um lado, mas disfarça para obter credibilidade. Ter essa verdade incontestável jogada assim, na cara, é no mínimo desanimador para nós, futuros jornalistas.
Uma situação que o palestrante cita é um fato histórico da sociedade brasileira: as Diretas Já, que teve sua primeira manifestação no dia 25 de janeiro de 1984. Trezentas mil pessoas se reuniram nas ruas de São Paulo para exigir o fim da ditadura no Brasil. Enquanto os manifestantes cumpriam seu objetivo, a rede Globo noticiava uma festa em comemoração ao padroeiro de São Paulo, como explicação para tantas pessoas nas ruas. Ou seja, a Globo omitiu durante todo tempo o fato verdadeiro. Não houve neutralidade, nem imparcialidade. Houve a voz do mais poderoso dizendo que aquela manifestação não iria ao ar pois a Globo conta com o apoio do Governo Federal. O maior anunciante da Globo é o próprio Estado. Empresas como Caixa Econômica, Banco do Brasil e Petrobrás encabeçam as propagandas da emissora.
Vito cita as quatro maiores mídias detentoras do poder: Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Rede Globo e Revista VEJA. Ele as chama de `Os quatro cavaleiros do apocalipse`. Juntas, elas dominam a cabeça de toda população. Para Vito a maior desgraça do país é a Globo.
Um dado crítico que ele apresenta é de que enquanto na Bolívia 45% das pessoas estão na faculdade, no Brasil esse número é crítico: 5%. Patético.
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