sábado, setembro 17, 2011

A união mora em Blumenau

Por Marcos Maia Borges

Blumenau é uma cidade próspera, referência em alguns setores industriais e de extrema importância para Santa Catarina. Ou, como diriam os políticos que por aqui passam vez e outra, “esta é uma cidade pujante”. Mas como pode um município historicamente assolado por enchentes conseguir tal status? A reposta para isso pode residir na reação das pessoas à última cheia do Rio Itajaí-Açu, que começou dia 8 de setembro. Blumenau foi uma das cidades mais atingidas. O rio chegou a quase 12 metros, ruas ficaram alagadas e outras parcialmente interditadas por quedas de barreiras. As aulas de todas as faculdades e das redes estadual, municipal e privada foram canceladas por dois dias e os prejuízos ainda são contabilizados.

Segundo dados da Defesa Civil, foram mais de 300 mil pessoas afetadas de alguma forma pela enchente, sendo que 15 mil ficaram desalojadas, cerca de 600 tiveram de ir para abrigos e 138 se feriram. Os danos materiais registrados são de quase 11 mil casas danificadas, faltou abastecimento de água, energia elétrica e telefone em boa parte do município. O transporte coletivo ficou suspenso e os hospitais estavam atendendo somente casos urgentes, com os pacientes levados por embarcações do Corpo de Bombeiros.

A prefeitura, inclusive, decretou situação de emergência.  O estrago poderia até ter sido maior, visto que todos esperavam chuva forte no dia 10, fazendo o rio alcançando os 13 metros acima do nível normal, mas isso não aconteceu.

Depois da tempestade, veio a bonança. E os blumenauenses não perderam tempo se lamentando ou reclamando, eles puseram as mãos na massa. Já no sábado (10), quando a chuva cessava e o rio baixava, na Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi), que fica localizada próximo do Parque Vila Germânica, por exemplo, funcionários começavam a limpar o edifício, atingido já com 9 metros, e a contar o que fora levado pela força da água. Não somente ali, mas nas 500 ruas afetadas na cidade as pessoas já se organizavam para a limpeza e remoção dos entulhos.

Na Rua XV de Novembro, empresários e funcionários iniciaram a limpeza das lojas. Uma cena já corriqueira na história da cidade. Na hora da dificuldade, todos se unem em prol de um único objetivo: reerguer o município.

Essa união também foi refletida no comportamento das autoridades de Blumenau. O prefeito do município, João Paulo Kleinübing, se reuniu imediatamente com representantes da Defesa Civil do Município, Exército – através do 23º Batalhão de Infantaria -, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e secretários para assim coordenar um comitê de combate à cheia. A solução aparentemente deu resultados, não houve vítimas fatais e inúmeros são os relatos de cidadãos resgatados por embarcações desses órgãos.

A imprensa, sempre com sua ferrenha briga por audiência, também se uniu diante das dificuldades. As rádios Clube, Nereu Ramos e 90fm transmitiram conjuntamente as informações da enchente, dando espaço para a comunidade ligar e perguntar sobre uma pessoa que não tinha aparecido.

A prefeitura trabalha para a implantação de um plano de prevenção a longo prazo para reduzir ao máximo os danos.

Histórico

O fundador da cidade, Doutor Hermann Bruno Otto Blumenau, já sofrera com a ira do rio Itajaí-Açu logo que chegara aqui em 1850. No ano de 1852 aconteceu a primeira enchente, que chegara a 16,30 metros. Depois disso vieram tantas outras. A pior da história aconteceu em 1911, inimagináveis 16,90 metros assolaram Blumenau, uma cidadezinha de imigrantes na época.

Foto: Jaime Batista da Silva

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